ESTERILIDADE x IMPOTÊNCIA, UM MITO MASCULINO

 A impotência e a esterilidade são problemas que podem afetar a saúde sexual de um homem e a capacidade de ter filhos, mas de formas diferentes. De um lado, a impotência, também conhecida como disfunção erétil, refere-se à dificuldade de obter ou manter uma ereção, logo, com possibilidade de dificultar ou impossibilitar a relação sexual. Por outro lado, a esterilidade, também chamada de infertilidade, refere-se à incapacidade de produzir ou liberar espermatozoides. Ambas as condições, deixam os homens “sem prumo”, com significativos impactos na saúde mental dessas pessoas, porém, nesse artigo, daremos ênfase ao problema da disfunção erétil.

De fato, uma elevadíssima quantidade de pessoas do sexo masculino é acometida pela disfunção erétil, disfunção essa que vai ficando mais comum à medida que o homem envelhece. Para que ele consiga uma ereção completa, vários órgãos diferentes, incluindo os do sistema nervoso, músculos e vasos sanguíneos, precisam “trabalhar” de forma coordenada. Esse “trabalho” fica mais difícil se houver problemas físicos como doenças cardíacas, diabetes mellitus, doença de Parkinson, esclerose múltipla, pressão alta, colesterol alto, obesidade, câncer, DST’s, varicocele, doença de Peyronie e outras, além do uso de medicamentos como antidepressivos, anti-histamínicos ou medicamentos para redução da pressão arterial. Os problemas psicoemocionais também interferem na capacidade de realizar o ato sexual, então, cuide-se para evitar depressão ou outros transtornos de humor, estresse (incluindo ansiedade de desempenho), culpa, ansiedade em geral, baixa autoestima e autoconfiança, negativa autoimagem, e não se deve esquecer o uso abusivo de fumo, álcool e outras drogas.

Entretanto, as pesquisas indicam que a impotência causa maior prejuízo psicológico na população masculina, afinal, vivemos ainda numa sociedade muito machista e competitiva. 

Para os homens, inclusive, existe uma pressão desenfreada para a "atividade sexual predatória" - O que caiu na rede é peixe! E existe, também, um mito milenar de que os homens estão sempre aptos ao sexo, independente de qualquer outro fator. Devem sempre estar com desejo, devem ter plena ereção e não falhar jamais.

Essa situação é um peso muito grande para os ombros de qualquer um. A bem da verdade, qual o homem ao qual nunca lhe faltou potência? Qual a mulher cujo parceiro já não perdeu a ereção alguma vez na vida?

É necessário desmistificar essa situação. A impotência (disfunção erétil) só se torna um problema ou uma doença quando ela predomina na vida sexual de um homem. Ou seja, quando há uma incapacidade persistente ou recorrente (repetida) de manter uma ereção até a conclusão da atividade sexual. Alguns se queixam de falta completa de rigidez para conseguir uma penetração. Outros conseguem ter o pênis rijo, mas na hora de introduzi-lo perdem a potência. Mas, atenção! a eventual ocorrência de perda de ereção não é considerada impotência.

O que causa a perda da ereção?

As pesquisas são contraditórias - algumas apontam que 90% da impotência tem causas emocionais tais como:
  • O estresse do dia-a-dia.
  • A discórdia conjugal.
  • A falta de atração pela parceira.
  • A ansiedade ou depressão.
  • O temor de não desempenhar o sexo adequadamente.
  • Conflitos emocionais antigos.
  • Culpa e repressões sexuais.
Outros trabalhos científicos relatam que a disfunção erétil nos homens tem muito a ver, em vários casos, com origens orgânicas, principalmente quando o homem tem mais que 50 anos. Exemplos:
  • A deficiência de alguns hormônios masculinos como a testosterona.
  • Excesso de prolactina.
  • A presença de algumas doenças como o diabete melitus.
  • O uso de medicações que combatem a hipertensão.
  • A anormalidade vascular peniana.
E tem cura? Podemos pensar que há uma soma desses fatores orgânicos e emocionais na determinação da impotência. Para o tratamento, então, devemos combinar algumas técnicas terapêuticas para obtenção de maior sucesso. Após alguns exames de rotina, detectamos a presença ou não de algum problema orgânico. Por exemplo, se há falta de testosterona, podemos repor através de uso de medicação. Se há problema vascular ou neurológico, podemos até indicar cirurgia ou colocação de prótese. Entretanto, tais métodos mais evasivos são de última escolha no tratamento da impotência, só utilizados quando quaisquer outros métodos já falharam completamente.

Quando não há muitos achados positivos nos exames, deve-se empregar uma abordagem psicoterapêutica para ajudar o paciente a superar essa dificuldade, seja através da análise e resoluções psicológicas de eventuais traumas, seja através de técnicas psicoterapêuticas que se baseiam em tarefas sexuais progressivas e orientação.

Um alerta: NUNCA DEVEM SER UTILIZADOS MEDICAMENTOS SEM O ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO.
 

Paulo Cesar Teixeira Ribeiro - é psicólogo, e colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva .
 
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