PROCURAR PSICOTERAPIA DURANTE A

REPRODUÇÃO ASSISTIDA?


A mulher que está se submetendo a um tratamento de fertilidade e que não se sente emocional e psicologicamente equilibrada, pode estar precisando de algum tipo de apoio à saúde mental como a psicoterapia. Isso não é incomum, pois cerca de 80% das pacientes que lidam com a infertilidade realmente vivem algum sofrimento psicoemocional – e 30 a 40% dessas pessoas podem apresentar importantes graus de depressão e ansiedade.

Observa-se, por exemplo, que se houver excesso de controle e rigidez, a escolha e capacidade de prever o que ocorrerá nessa fase que está por vir é influenciada por um elevado nível de estresse. Em outras palavras, há uma considerável pluralidade de mulheres em tratamento de infertilidade que ficará estressada visto que engravidar não está mais sob seu controle, suas possibilidades de decisões são subitamente limitadas e os resultados futuros podem se tornar desconhecidos. Ademais, se a paciente, em adição ao estresse consequente dos desafios de fertilidade, também crê que a sua condição diária (de fadiga, frustração, ansiedade, irritação, ou seja, de estresse) é o agente causador dos problemas de infertilidade, poderão advir sentimentos de culpa e vergonha, além do aumento do próprio estresse.

A boa notícia é que o aconselhamento centrado no cliente e/ou o tratamento psicoterápico na área de infertilidade vem sendo considerado cada vez mais conveniente e proficiente na preparação de pacientes para o tratamento, resolvendo os efeitos psicológicas negativos e dando suporte ao planejamento de suas vidas após o tratamento, independentemente do resultado.

De fato, em situações como transferência de embriões, recuperação de óvulos, espera pelos resultados de teste de gravidez, decisão sobre esperma ou óvulo doado, adoção ou útero de substituição, lidar com resultados não esperados mostram a necessidade de suporte psicoemocional, para a melhor condição de saúde mental.

A experiência tem mostrado que, ao iniciar o processo de fertilização assistida, as informações prestadas pelos médicos como esclarecimentos de procedimentos, o entendimento dos termos médicos bem como o conhecimento das possibilidades de resultados são suficientes para diminuir a ansiedade. Por exemplo, assimilar que as alterações hormonais provocadas pelo estresse geralmente são autocorretivas e limitadas no tempo, ou são apenas gatilhos para condições médicas preexistentes, ajuda, na maioria dos casos, a minimizar ou eliminar culpas ou vergonhas, e estimula o paciente a se sentir mais confortável para compartilhar suas preocupações com outras pessoas. Entretanto, no seguimento do tratamento, pode haver a necessidade do apoio de um psicólogo quando tiver que tomar decisões, seja para aderir às prescrições de medicamentos feitas pelo médico. seja para aprender a lidar com perguntas intrusivas de familiares ou gestações de amigos. Como equilibrar-se entre as exigências profissionais e o autocuidado durante a delicada fase do processo de fertilização assistida? O suporte psicoemocional, em situações de crise coo essa, tem se provado eficaz.

A maioria dos psicólogos atuante em psicoterapia de mulheres inférteis afirmam que de três a seis meses de terapia podem fazer uma grande diferença nos níveis de estresse durante o tratamento. Ainda que muitos pacientes, com ansiedade ou estresse leves, contem com a família e amigos com redes de apoio, é por vezes necessaria a ajuda de um profissional da área de saúde mental, pelo tempo que for necessário.

Os psicólogos utilizam técnicas variadas, inclusive técnicas de relaxamento e de meditação, todas apropriadas à situação que a paciente vive. Vale dizer que esses profissionais são flexíveis e usam mais de uma abordagem para ajudar as pacientes em suas jornadas psicológicas.

Deve-se salientar, aliás, que mais importante do que as técnicas são os objetivos da psicoterapia ou apoio psicoemocional no decorrer do tratamento de infertilidade, como, por exemplo, ajudar o paciente a seguir sempre em frente sem que haja perda desnecessária de tempo. Com certeza, contar com esse apoio psicológico especializado vai ajudar a paciente a manter-se resoluta em sua meta de construir a sua família. O psicólogo poderá assegurar a superação de estágios emocionais complicados – qualquer pessoa lida com decepções e alegrias e equilibra-se superando-as, cada qual em seu próprio ritmo, além de entender que podemos experimentar mais de uma emoção simultaneamente. A pessoa não precisa resolver todos os seus problemas para seguir em frente, afinal, nem a vida nem o tratamento da infertilidade funcionam assim. Enfim, a abordagem psicoterápica durante esse processo auxilia as pessoas a assimilarem que devem ser atentas com suas vidas e a buscarem melhorias e mudanças, e não apena, ajudar a diminuir a ansiedade, o estresse e a depressão, os quais podem interferir na capacidade de engravidar.

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  • Paulo Cesar Teixeira Ribeiro - é psicólogo, e colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva . 
  • Leia mais em Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br)

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