Estresse, ansiedade ........e a fertilidade?




Ter filhos é uma das principais metas da maioria dos casais. Para esses casais, ter um filho é símbolo de um grande amor e êxtase da vida a dois, com a consequente formação de sua família. Infelizmente, nem sempre isso é facilmente alcançado e, em razão disso, muitos problemas aparecem.

É possível que a não concepção de um filho cause um enorme sofrimento para muitos casais, o que é bastante compreensível. Além disso, há a ansiedade e o estresse, que podem gerar alguma dificuldade para realizar esse desejo.

Estou me referindo à infertilidade psicológica! Você já ouviu falar?

Vamos definir, antes de tudo, o que é infertilidade. Isso passa a ser considerado quando, sem haver métodos contraceptivos e mantendo relações sexuais frequentes, o casal não realiza o desejo de ter filho num período de um ano.

Sabia que de 15 a 20% dos casais com queixa de infertilidade não tem causa esclarecida? É a infertilidade sem causa aparente (ISCA). É em casais como esses (dentre outros), que os aspectos psicológicos merecem ser considerados. Um longo período de estresse, por falhas nas tentativas de obter gravidez, certamente resulta em aspectos emocionais que tendem a piorar o prognóstico.

Durante o estresse agudo, é liberada adrenalina pelo sistema nervoso simpático, que produz aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea, dilatação dos brônquios, aceleração do fluxo sanguíneo para os músculos, preparando para enfrentamento de situação de risco. No entanto, no "estresse crônico", ocorre aumento do hormônio cortisol, o que contribui para redução da testosterona (hormônio masculino), com piora na quantidade e qualidade do sêmen, além de reduzir a libido e dificultar a ereção. Nas mulheres, esse hormônio colabora para que ocorram irregularidades no ciclo menstrual (podendo chegar até a cessação da menstruação) e falta de ovulação, bem como de redução de libido. Os sintomas pré-menstruais podem se tornar mais graves, a ovulação pode ser prejudicada e a libido diminuída.

Como acima mencionado, a infertilidade pode causar sofrimento aos casais, assim como outros problemas como baixa autoestima, sentimento de culpa, ansiedade, luto (mesmo sem um definitivo diagnóstico de infertilidade, o casal pode iniciar um luto por conta de filho que nunca teve), insônia (estar alerta eleva a adrenalina), diminuição da libido (com redução das relações sexuais) e diversos outros transtornos.

Quase a totalidade dos casais que não obtiveram sucesso na fertilização natural recorrem, prioritariamente, ao tratamento da infertilidade com causas médicas. Mas se a causa for psicológica, este tratamento corre o risco de não ser eficaz. É comum saber de casos em que a gravidez natural acontece após tudo ter sido feito no tratamento médico, porém sem sucesso, tendo o casal desistido de ter filhos. Com essa decisão, aquietam-se e voltam ao estado normal sem sinais de estresse. Será que voltar ao estado normal, sem estresse, poderia resolver o problema? Talvez; pensemos nisso.

Como forma de aliviar as consequências do estresse causado pela infertilidade, algumas sugestões:

  • Meditar e relaxar

  • Praticar técnicas de respiração

  • Não focar o problema ininterruptamente

  • Libertar a mente praticando atividades de lazer

  • Não se deixar influenciar pelas pressões familiares e sociais e agir conforme seus próprios interesses

Seguramente, a psicoterapia é uma abordagem muito adequada para essas situações. Se o casal se sentir angustiado e oprimido com a condição psicológica decorrente da infertilidade, será útil que procure ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.


Paulo Cesar Teixeira Ribeiro - psicólogo - www.blogdopsicologo.com.br

Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.

Colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.

Palestrante: comportamento humano no ambiente social e empresarial.

 


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