E surgiu a pílula!
O
sonho começou a se tornar realidade no decênio de 1950, iniciado pelos
esforços da enfermeira Margareth Sanger, ativista de primeira hora da defesa dos direitos da mulher, à
qual se atribuem três casamentos e inúmeros amantes. Sanger se uniu a Catharine McCormick, herdeira de fortuna e também ativista, que se dispôs a financiar as pesquisas para descoberta da pílula anticoncepcional.
Os financiados foram Gregory Pincus (biólogo), John Rock (médico) e o esquecido Min-Chueh Chang (biólogo), cujo trabalho, além da descoberta da pílula, se estendeu à fertilização in vitro em animais (já em 1959).
Os pesquisadores se basearam em descobertas de laboratórios alemães, que, em 1938, sintetizaram estrógeno natural e depois o etinilestradiol (similar oral do hormônio feminino estradiol e utilizado até hoje em algumas pílulas anticoncepcionais) e a ethisterona (similar da progesterona).
Em 1957, após o consumo estimado de 2 milhões de dólares da Sra.
McCormick e uma série de pesquisas eticamente discutíveis feitas com mulheres de Porto
Rico, foi lançada no mercado dos Estados Unidos a primeira marca de
anticoncepcional, o Enovid.
À vista da vigorosa proibição, pela Igreja, da limitação da natalidade, o medicamento, politicamente, foi lançado
como “regulador do ciclo menstrual”, sendo colocada
propositalmente sua qualidade de inibidor da ovulação como efeito colateral.
Além disso, foi também indicado para mulheres casadas que não
queriam filhos. Evidentemente, não seria possível indicá-lo para
mulheres não casadas, pois “não havia sexo antes do casamento”.O
Enovid foi reconhecido como anticoncepcional apenas em 1960.
Em 1961, foi introduzido na Alemanha Ocidental o Anovlar, que tinha um terço da quantidade de etinilestradiol do Enovid e produzia menos efeitos colaterais.
Nos
dias de hoje, os anticoncepcionais são um negócio de bilhões de
dólares. E, atentos a isso, os laboratórios farmacêuticos deixaram
de ter como foco de propaganda apenas o controle de natalidade. As ferramentas de venda passaram a ser os efeitos secundários
desejáveis que as novas pílulas podem proporcionar: melhora da
textura da pele, acentuação da feminilidade, redução das cólicas
menstruais, redução do próprio fluxo menstrual e melhora de
problemas de humor relacionados à menstruação (tensão
pré-menstrual).
https://pt.linkedin.com/pulse/como-nasceu-p%C3%ADlula-anticoncepcional-ricardo-costa-mba
CHANG,
M. Fertilization of Rabbit Ova in
vitro . Nature 184,
466–467 (1959). https://doi.org/10.1038/184466a0
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c514vq9p9v9o
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-nascimento-da-pilula/
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